Pequenas empresas se tornam "virais" nas redes sociais
Fonte: Folha de S. Paulo
“Toda mulher que entra no Divas Hair sai uma Beyoncé.” É no rastro desse chamariz tentador que o modesto salão de beleza, no centro de São Paulo, atraiu mais de 53 mil seguidores no Facebook.
O pequeno negócio surgiu literalmente da cabeça de Amanda Coelho. Quando jovem, a empreendedora maltratava o próprio cabelo com experimentos caseiros.
Ao se especializar, viu um filão de mercado: tratamentos para cabelos afro.
Com caras e bocas em fotos que tomam a página do salão no Facebook, a estratégia bem-sucedida de Amanda na rede passa por vídeos com dicas de alongamento capilar e promoções que oferecem tranças gratuitas.
Além disso, várias postagens trazem frases de autoajuda como “não peça para Deus guiar seus passos se você não está disposto a mover seus pés” e “mulher que gosta de dinheiro levanta cedo e conquista o seu”.
Quem cuida da página é o marido de Amanda, Filliphe Gomes. “Creio que solidificamos a nossa identidade no mercado, mas ainda precisamos profissionalizar mais as nossas postagens.”
A preocupação de Gomes resume um sentimento comum aos pequenos negócios: sobra vontade, mas falta domínio das técnicas de marketing digital. Falhar –publicando piadas ofensivas, por exemplo– envolve riscos.
“Se não puderem fazer um trabalho atraente, é melhor que nem entrem. Isso mancha o negócio”, enfatiza Pedro Waengertner, da ESPM.
Por isso, o restaurante Hannover, casa especializada em fondues localizada em Moema (zona sul de São Paulo), optou por contratar uma assessoria de comunicação para gerenciar suas redes sociais. O restaurante tem atualmente 250 mil seguidores no Facebook.
A empresa aposta em muitas fotografias dos pratos e em publicações “fofas” tratando do carinho por amigos, namorados e pais.
Clóvis Souza, proprietário da Giuliana Flores, de São Caetano do Sul (grande São Paulo), mas que, via parceiros, faz entregas em todo o Brasil, tem números ainda mais robustos: são mais de 1 milhão de seguidores.
“Mantemos a nossa única loja física, mas crescemos virtualmente. As redes sociais servem como o nosso maior termômetro”, aponta.
Souza optou por uma terceira via: profissionalizou a gestão das redes sociais, mas sem contratar uma empresa. Ele emprega dois funcionários que se dedicam a isso.
Souza diz que não optou por terceirizar a comunicação pela natureza do negócio. “Trabalhar com flores exige proximidade”, afirma.
A penetração dos pequenos e médios negócios do país nas redes sociais impressiona. Só no Facebook, dois milhões de empreendedores têm páginas. Outros sucessos na rede são o Twitter e o Instagram, mas esses sites não disponibilizam números sobre o tema.
“Ninguém tem a receita do bolo quando o assunto gira em torno das redes sociais. Ainda estamos aprendendo”, afirma Carlos dos Santos, diretor do Sebrae Nacional.
Especialistas dizem ainda que ter muitos seguidores não necessariamente é sinônimo de sucesso ou de maior faturamento.
“O clique pelo clique não é fundamental. O que conta é o engajamento desse internauta diante daquele conteúdo postado. Interessa mais o comentário, a opinião, do que a simples curtida”, diz Dani Borges, coordenadora da assessoria de marketing Idearia.