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Competição aumenta, e blogueiros buscam alternativas para faturar


Logo que começou a viver de blog, em 2012, a jornalista Carolina Ruhman, 30, percebeu que não ganharia muito dinheiro com propagandas em sua página.

Criadora do Finanças Femininas, que dá dicas de orçamento para mulheres, ela conta que, por não trabalhar com produtos de consumo por impulso (como roupas ou eletrônicos), sua página não se adapta bem aos modelos de publicidade mais comuns na internet –em que o pagamento ao blogueiro depende do número de vendas que ele garante ao patrocinador.

Hoje, seu maior faturamento vem de atividades paralelas como palestras para funcionárias de grandes empresas e cursos pela internet. Ela planeja realizar workshops com suas leitoras.

O acirramento da concorrência tem levado blogueiros a fazer da página uma vitrine que mostra mais seus próprios produtos e serviços do que o de outras marcas.

Gabriel Campaner, fundador da agência gCampaner, que oferece trabalhos de design e tecnologia e busca patrocinadores para 93 dessas páginas, afirma que os cachês por posts patrocinados estão caindo desde a metade de 2014.

"Saímos de uma bolha, de uma era de absurdo, em que se pagava R$ 20 mil por um post em um blog com 200 mil visitantes por mês. Hoje é possível conseguir o mesmo conteúdo por R$ 2.000", diz o consultor, que trabalha principalmente com clientes do ramo da moda.

Ele atribui a mudança no mercado ao aumento da concorrência no setor e, consequentemente, a diluição dos cachês. Campaner conta que, hoje, 15 de seus assessorados não dependem da publicidade: eles buscam ganhar -dinheiro vendendo produtos, dando aulas ou oferecendo consultorias.

A estratégia pode ser útil para blogs que, mesmo sem atrair milhões de visitantes, possuem conteúdo de destaque em determinado assunto e um público fiel e qualificado, diz Rodney Souza, supervisor da área de comunicação integrada da ESPM.

O Conexão Paris, especializado em roteiros e dicas para quem visita a cidade francesa, surgiu em 2007 como um hobby da historiadora Lina Hauteville, 67, e virou negócio em 2009, quando suas páginas atingiram 200 mil visualizações por mês.

Mariana Berutto, 41, filha de Hauteville e diretora da empresa, conta que, naquele momento, o dinheiro que conseguiam disponibilizando espaços para banners no site era pouco. Mas, por terem uma audiência engajada, elas acreditaram ser possível achar outras formas de viabilizar o negócio.

Em 2009, elas lançaram o primeiro dos seis guias de Paris que oferecem pela web. Também foram criadas parcerias para vender ingressos pela internet de atrações na França e passeios personalizados com guias locais.

Berutto conta que a empresa faturou R$ 1,2 milhão em 2014, mas não revela quanto veio dos patrocínios.

Carol Quinteiros, cofundadora da plataforma de blogs F*Hits, que trabalha com 24 deles, não vê redução do interesse do mercado. Pelo contrário, os contratos publicitários crescem, afirma.

"Os blogs que atuam de maneira profissional, buscando novos formatos para atuar com as marcas, vão muito bem", diz.

Montar uma estrutura profissional desde o início foi o caminho adotado pelas criadoras do Just Real Moms, sobre maternidade, Renata Pires, 34 e Juliana Silveira, 35.

Pires conta que, antes de lançarem a página, em 2012, já haviam escrito material para os três primeiros meses.

A audiência no segmento trouxe à dupla convites para realizar consultorias de marketing para grandes empresas (como Nestlé, Bayer e Unilever), principalmente para lançamento de novos produtos e redação em sites e redes sociais. Também começaram a escrever conteúdo para o site do Shopping Iguatemi, de São Paulo, conta Pires.

A empresa teve faturamento de R$ 600 mil em 2014 e 40% desse montante veio de atividades fora do site.


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